Das Runas à Odin: Conheça um pouco da civilização Viking
- Adriana Vicente
- 11 de dez. de 2024
- 5 min de leitura
Hoje o assunto será sobre as runas nórdicas e os Vikings, uma das minhas civilizações preferidas, que nos deixou um grande legado e uma cultura muito rica, na minha opinião. Os Vikings entraram em evidência depois que a série de mesmo nome virou um fenômeno. Por conta disso, essa civilização se tornou bastante conhecida por aqui. Mas quem são eles?

Os indomáveis Vikings
A palavra Viking significa pirata, e muitas pessoas confundem-nos como meros selvagens. Os Vikings, pelas minhas pesquisas, nada mais eram do que piratas desbravadores que colonizaram alguns locais da Europa. São originários dos países nórdicos (Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia). Como era um lugar frio, suas principais vestimentas eram o couro, peças de tecido e peles de animais; algo grosso que pudesse mantê-los aquecidos.
Todos apreciavam acessórios de metal. Eles se organizavam em uma sociedade patriarcal, sendo o homem o membro mais forte e o responsável pela família. A mulher era basicamente a dona de casa, e suas principais tarefas baseavam-se em cuidar dos filhos e marido, além da arte da tecelagem, mas nem por isso significava que elas eram submissas ou não tinham um papel importante na sociedade. Eram consideradas mulheres livres, e muitas eram lutadoras e guerreiras. Havia um rei, que era respeitado por todos, a autoridade máxima, e em cada território colonizado havia um conde, que respondia por aquele pedaço de terra, mas que era obediente às ordens do rei.
Por serem um povo politeísta, adoravam muitos deuses. Acho que o mais popular entre nós realmente é Thor, filho de Odin e um dos deuses mais fortes de Asgard (o reino dos deuses). Em grandes tempestades, os raios eram conhecidos entre os nórdicos como a fúria de Thor com seu martelo, Mjölnir. Odin era considerado o Deus dos Deuses e um dos criadores do universo, que era baseado na árvore da vida, a Yggdrasil.
Os Vikings adoravam o sol e a lua e acreditavam que o inferno era um lugar gelado para onde iam os espíritos dos doentes e covardes. Aqueles que morriam em combate iam para Valhala, um salão onde passariam a jantar com Odin e os outros deuses. Por isso, os Vikings não tinham medo de morrer nas batalhas; pelo contrário, sentiam-se honrados com essa possibilidade. Daí vem a voracidade que lutavam, sem medo de perder suas vidas.

Acreditavam que o destino estava traçado desde o nascimento, portanto batalhas, mortes e acontecimentos eram encarados com normalidade e grande aceitação entre todos. Gostavam de colocar nomes dos deuses em seus filhos, destacando suas características físicas em semelhança com o deus escolhido. Quanto às crianças, os meninos começavam a aprender sobre luta cedo, e o bebê que nascesse com alguma deformidade era rapidamente descartado para que não sofresse no futuro ou fosse rejeitado pelos deuses e pela comunidade.
Sempre contavam histórias sobre o Ragnarok, que era o evento onde aconteceria a última e sangrenta batalha dos deuses e a destruição do mundo. Por isso, acreditavam muito em sinais e em pessoas que eram tidas como videntes ou oráculos, sempre pedindo conselhos em tudo o que fossem fazer.
Sacrifícios humanos eram vistos com bons olhos, pois a pessoa que se oferecia em sacrifício para algum Deus acreditava que logo após estaria em Valhala. Os sacrifícios eram necessários para que os deuses não se ofendessem e abençoassem o povo com fartura de alimentos, chuva, vitória em batalhas, etc..
Do ponto de vista cristão, os Vikings eram muito cruéis; não tinham medo da dor e nem de causá-la em outras pessoas, principalmente nos inimigos. O método mais cruel de tortura se chamava Águia de Sangue, que consistia em cortar as costas do inimigo com faca, arrancar as costelas para fora e em seguida tirar os pulmões, de forma que a vítima continuasse respirando. A imagem dos pulmões se enchendo de ar dava a impressão de que o indivíduo possuía asas. Tudo isso era feito com a vítima ainda viva. Felizmente (ou não), esse método era praticado contra traidores do Conde, ou alguém que praticasse um delito imperdoável.
Após o processo de cristianização da Europa na Idade Média, todos os povos com religiões distintas foram se dizimando. O mesmo aconteceu com os Vikings, que acabaram convertidos. A dissolução da cultura viking começa entre os séculos XI e XII, mas os diversos conflitos entre ingleses e os povos nobres da Normandia (França) terminaram por desintegrar essa civilização, que ainda possui adeptos na Europa e em algumas partes do mundo.
A criação do mundo**
Antes da existência do mundo existia ao Norte uma terra de gelo (Nilftheim) e ao Sul uma terra de fogo (Muspelheim). Entre elas havia um grande vácuo, que recebia as águas congeladas de um lado e a lava de outro. Dessa fusão de gelo e calor, nasceu o giganteYmire a vacaAudhmumla. Do suor de Ymir nasceram outros gigantes, e em meio ao gelo que vinha do Sul a vaca encontrou Buri, o primeiro dos deuses, que se casou e teve filhos, e depois netos, que se chamaram Odin, Villi e Ve. Eles viveram em paz por um tempo, mas com o passar dos anos os três começaram a se sentir ameaçados. Então, chegaram à conclusão de que precisavam matar Ymir para que novos gigantes não pudessem mais nascer. Juntos eles mataram Ymir e deram origem ao nosso mundo,Midgard, a partir de seus restos. A carne se tornou terra; o ossos, montanhas. Seus cabelos deram origem às plantas e às árvores, e os dentes viraram rochas. A cabeça de Ymir virou o céu e os pedaços do cérebro, as nuvens.
Enquanto Odin e seus irmãos construiam o mundo, perceberam que haviam muitos vermes procurando restos da carne de Ymir. Decidiram então transformar os vermes em anões e pediram que quatro deles segurassem o céu. Cada um recebeu o nome de um ponto cardeal e foi enviado para uma das extremidades. Dessa maneira, Midgard (ou Terra Média) foi criada. Em uma de suas típicas caminhadas, Odin e seus irmãos encontraram dois troncos de árvore sem vida, e decidiram transformá-los em seres vivos, e dessa forma surgiu o primeiro casal de seres humanos, que foram enviados para viver na Terra Média.
A árvore da vida
A mitologia viking é baseada emYggdrasil, uma árvore gigantesca que servia como eixo do universo, abrigando Midgard (no centro), o mundo dos deuses (no alto) e os demais mundos (próximo às raízes). A enorme árvore era regada pelasNornes, as Senhoras do Destino, que eram responsáveis por determinar tudo o que já havia acontecido ou que viria a acontecer. Daí vem a crença de que tudo já estava planejado, desde antes do nascimento até a morte. Não havia criatura cujo poder se equiparasse com o delas.

**História do mundo Viking baseada na Revista Dossiê Super Interessante Lendas Medievais - A História real por trás dos dragões, magos, santos e heróis da Idade das Trevas, Editora Abril, 2014.
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